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Mais de 70% das agressões contra mulheres ocorrem diante de testemunhas, aponta estudo

A pesquisa integra o Mapa Nacional da Violência de Gênero, mantido pelo Observatório da Mulher contra a Violência (OMV)

Por Carlos Rocha Publicado em
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Mais de 70% das agressões contra mulheres ocorrem diante de testemunhas, aponta estudo (Foto: Agência Brasil)

Um levantamento nacional revelou que cerca de 3,7 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência doméstica nos últimos 12 meses. Do total, 71% das agressões aconteceram na presença de outras pessoas e, em 70% desses casos, havia crianças no local, o que representa aproximadamente 1,94 milhão de episódios testemunhados por menores.

A pesquisa integra o Mapa Nacional da Violência de Gênero, mantido pelo Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), pelo Instituto Natura e pela organização Gênero e Número. Os dados buscam orientar políticas públicas de enfrentamento à violência contra mulheres.

Violência persistente

Segundo o estudo, em 58% das situações a violência ocorre há mais de um ano, indicando a dificuldade de romper o ciclo de agressões, muitas vezes agravado por dependência econômica e falta de apoio.

Para o coordenador do DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, o impacto vai além da vítima:

“O ciclo de violência afeta muitas outras pessoas além da mulher agredida.”

A pesquisa ouviu 21.641 mulheres de todos os estados e do Distrito Federal, por telefone.

Acolhimento e denúncias

Após sofrer agressões, as mulheres buscaram apoio principalmente em:

  • família (58%)
  • igrejas (53%)
  • amigos (52%)

Mesmo assim, apenas 28% registraram ocorrência em Delegacias da Mulher, e 11% acionaram o Ligue 180.

Especialistas destacam que quem acolhe precisa orientar sobre os caminhos de denúncia e proteção, garantindo que a vítima se sinta segura para exercer seus direitos.

Lei Maria da Penha ainda pouco conhecida

O estudo revela que 67% das brasileiras conhecem pouco a Lei Maria da Penha, e 11% desconhecem completamente o seu conteúdo. O desconhecimento é maior entre mulheres com baixa escolaridade, menor renda e acima de 60 anos.

Apesar disso, 75% acreditam que a lei protege total ou parcialmente as mulheres. Entre aquelas com menor escolaridade, cresce a percepção de que a lei não protege.

Instituições mais conhecidas

Entre os serviços de apoio às vítimas, os mais reconhecidos são:

  • Delegacias da Mulher (93%)
  • Defensorias Públicas (87%)
  • CRAS e CREAS (81%)
  • Ligue 180 (76%)
  • Casa Abrigo (56%)
  • Casa da Mulher Brasileira (38%)

Consequência coletiva

Para a coordenadora do OMV, Maria Teresa Mauro, a violência de gênero é um problema estrutural:

“Afeta famílias e comunidades e exige uma resposta coletiva, coordenada e permanente.”



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