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Pesquisadores de Roraima confirmam que dinossauros habitaram a Amazônia

Pegadas de dinossauros do período Jurássico-Cretáceo foram descobertas na Bacia do Tacutu

Por Redação T5 Publicado em
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A região amazônica registra poucas descobertas paleontológicas (Foto: Agência Brasil)

Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) identificaram, pela primeira vez, indícios de que dinossauros habitaram a Amazônia há mais de 103 milhões de anos. Mais de dez pegadas da era Jurássico-Cretácea foram encontradas na Bacia do Tacutu, na cidade de Bonfim, norte de Roraima, marcando a primeira prova da presença desses animais na região.

Embora não seja possível determinar exatamente a que espécies pertenciam as pegadas, elas permitem identificar os grupos de dinossauros que habitavam a região. Entre eles estão os raptores, ornitópodes (bípedes e herbívoros), além dos xireóforos, que têm uma espécie de armadura óssea na parte superior do corpo.

A região amazônica registra poucas descobertas paleontológicas devido ao desgaste natural das rochas, causado pelo processo de intemperização, que dificulta a preservação de fósseis. Segundo o pesquisador Lucas Barros, responsável pela identificação da pegada e que desenvolveu um mestrado sobre o tema, o material ósseo só se mantém preservado quando as rochas permanecem soterradas.

“Se você tem um vale com muita umidade, as barras do rio também ficarão úmidas. Após o animal fazer essa pegada, ela perde, com o tempo, a umidade e fica dura. Isso permite que ela resista ao processo de soterramento”, pontuou o pesquisador.

Ao longo de milhares de anos, a pegada soterrada se solidifica, transformando-se em rocha capaz de resistir à erosão e às intempéries mesmo quando exposta. Além disso, a presença de uma pequena vegetação de cerrado na Bacia do Tacutu contribuiu para a preservação dessas marcas.

As pegadas de dinossauro foram encontradas em 2014 durante uma atividade de campo dos alunos de geologia da UFRR, coordenada pelo professor Vladimir Souza. Naquele período, a universidade não contava com especialistas em paleoecologia (que estuda a relação de organismos fósseis e seus ambientes passados), nem com os equipamentos necessários para analisar as marcas. Por isso, o projeto acabou sendo arquivado e a descoberta não chegou a ser divulgada.

“Se na época a gente divulgasse isso, viriam outras pessoas e tomariam a pesquisa para eles”, justificou Souza. 

Em 2021, o pesquisador Lucas Barros retomou o estudo e, junto com o professor Felipe Pinheiro, da Unipampa, transformou a pesquisa em uma tese de mestrado. Barros iniciou o mapeamento dos locais com icnofósseis, que são vestígios da presença de organismos que viveram no passado.

A análise das pegadas começa pela técnica de fotogrametria, que permite criar modelos 3D de alta fidelidade das marcas fossilizadas.

“Isso permite digitalizar o modelo em uma escala muito fiel. É através disso que nós descrevemos essas pegadas. Foi o que eu realizei durante o meu mestrado, descrevi essas pegadas e descobri novos afloramentos”, reesaltou. 

Barros estima que haja centenas de pegadas na Bacia do Tacutu e atualmente investiga marcas na terra indígena Jabuti, onde já foram identificadas quatro áreas de interesse científico. Muitas pegadas estão em propriedades privadas, o que limita os estudos, já que alguns fazendeiros temem que novas pesquisas resultem em demarcações, desapropriações ou indenizações insuficientes.



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