Moradores retiram mais de 50 corpos de área de mata após operação no Rio
Comunidade da Penha afirma que mortos não estão entre as 64 vítimas contabilizadas oficialmente pela polícia
Moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, retiraram cerca de 50 corpos de uma área de mata após a operação das forças de segurança do estado, realizada na terça-feira (28). Os corpos foram levados até a Praça São Lucas, no centro da comunidade, e segundo relatos de moradores, não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos, sendo 60 suspeitos e 4 policiais.
O ativista Raul Santiago, morador do complexo, transmitiu o momento ao vivo nas redes sociais e classificou o episódio como “uma chacina que entra para a história do Rio de Janeiro, do Brasil e marca com muita tristeza a realidade do país”. A pedido dos familiares, os corpos foram expostos para registro da imprensa e, em seguida, cobertos com lençóis. A comunidade aguarda a remoção pelo Instituto Médico-Legal (IML).
Caso se confirmem as informações de que esses corpos não integram a lista oficial, o saldo total de mortos da Operação Contenção, já considerada a mais letal da história do Rio, pode chegar a 120 vítimas. Durante a noite, mais seis corpos foram encontrados em uma área de mata no Complexo do Alemão e levados para o Hospital Getúlio Vargas.
Segundo o Palácio Guanabara, a operação deixou 64 mortos, entre eles dois policiais civis e dois integrantes do Bope. Todos morreram em confrontos na região de mata do Complexo do Alemão.
A Polícia Militar informou que toda a tropa foi colocada de prontidão, inclusive o efetivo administrativo, que deve se apresentar aos quartéis. Até o momento, mais de 100 pessoas foram presas, muitas delas ligadas a uma facção criminosa do Pará. A operação também resultou na apreensão de 75 fuzis, além de pistolas e granadas.
Com a ação policial, criminosos do Comando Vermelho ordenaram o fechamento das principais vias da cidade. A Linha Amarela, uma das mais importantes ligações entre a zona oeste e a zona norte, foi bloqueada, assim como a Estrada Salazar Mendes de Morais, próxima à Cidade de Deus. Trechos da Avenida Brasil, que corta o Rio de ponta a ponta, também foram interditados nas proximidades do Complexo da Maré.
