Lula e Trump se reúnem e retomam negociações para suspensão do tarifaço de 50% contra o Brasil
Reunião busca destravar impasse comercial causado por sobretaxas impostas pelos Estados Unidos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, para discutir a suspensão da tarifa de 50% imposta por Washington às importações brasileiras. O encontro marcou a primeira reunião formal entre os dois líderes e ocorreu durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Em postagem nas redes sociais, Lula afirmou que a reunião foi “ótima” e destacou que as negociações continuarão imediatamente para buscar soluções sobre as tarifas e as sanções impostas por Trump a autoridades brasileiras, citando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil. Segundo o chanceler Mauro Vieira, equipes dos dois governos seguem em tratativas neste domingo para uma possível suspensão do tarifaço.
Trump classificou o encontro como uma “honra” e disse acreditar que os países podem alcançar “ótimos acordos”. Lula declarou que o Brasil tem “todo o interesse em manter uma relação extraordinária com os Estados Unidos” e que “não há razão para desavenças entre as nações”.
Durante o diálogo, Lula se ofereceu para atuar como interlocutor entre EUA e Venezuela, em meio à pressão de Washington sobre o governo de Nicolás Maduro. Vieira afirmou que o presidente brasileiro ressaltou a necessidade de manter a América do Sul como “uma região de paz” e se prontificou a ajudar na mediação.
A reunião foi articulada após semanas de conversas entre assessores dos dois governos, desde o breve cumprimento entre Lula e Trump em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O encontro na Malásia ocorreu em território considerado neutro e antecedeu o jantar oficial do evento.
Em julho, os Estados Unidos anunciaram tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, especialmente das áreas de agricultura e carne bovina, o que agravou as tensões diplomáticas. Além das sobretaxas, Washington aplicou sanções financeiras e restrições de visto a autoridades brasileiras, entre elas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e a mulher dele, Viviane Barci de Moraes.
O governo brasileiro classificou as medidas como uma interferência na soberania nacional e reagiu com um pacote para mitigar os impactos econômicos, incluindo linhas de crédito subsidiadas e adiamento de impostos para setores atingidos.
Na tentativa de reaproximação, Lula afirmou que apresentará “argumentos técnicos” para demonstrar que as tarifas “não têm sustentação em nenhuma verdade econômica”. Segundo o chanceler Mauro Vieira, a expectativa é concluir um acordo bilateral nas próximas semanas.



