Presidente de associação é preso após nove horas de interrogatório na CPMI do INSS

Horas após ser detido por suspeita de falso testemunho, Lopes foi liberado ainda na madrugada desta terça (30) (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)

O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso na madrugada desta terça-feira (30), acusado de prestar falso testemunho durante oitiva na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes em descontos irregulares aplicados a aposentados e pensionistas do INSS. A prisão ocorreu após mais de nove horas de interrogatório no Congresso Nacional.

Horas após ser detido por suspeita de falso testemunho, Lopes foi liberado ainda na madrugada na delegacia da Polícia Legislativa do Senado. A assessoria do Senado não esclareceu se houve pagamento de fiança.

Convocado como testemunha na CPMI que investiga descontos ilegais no INSS, o presidente da Conafer era legalmente obrigado a falar a verdade. Após ser acusado por parlamentares de mentir durante o depoimento, o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), ordenou sua prisão.

“Ele mentiu deliberadamente à CPMI. Ele tentou de todas as maneiras nos convencer de que se tratava de uma operação perfeitamente legal e correta. Não é. Nós sabemos muito bem que isso é lavagem de dinheiro, dinheiro dos aposentados”, apontou o senador.

Segundo Carlos Viana, o depoente, Carlos Roberto Ferreira Lopes, teria omitido informações e se contradito ao tratar do aumento da arrecadação da entidade, de seu próprio patrimônio e da composição societária da empresa.

Em sua fala, Lopes negou qualquer envolvimento em fraudes relacionadas aos descontos aplicados aos associados da Conafer. Ele afirmou que a organização atua de forma transparente e se colocou à disposição da Comissão para prestar novos esclarecimentos.

A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer) está entre as entidades que mais realizaram descontos em benefícios de aposentados, de acordo com investigação da Polícia Federal. Entre 2019 e 2024, a arrecadação anual da entidade com mensalidades associativas teria saltado de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões.

Até o momento, a defesa de Carlos Lopes não tinha enviado um posicionamento sobre o acontecido na madrugada desta terça (30).