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Registrado primeiro caso no Brasil de morte por câncer ligado a implantes de silicone

A vítima foi uma brasileira de 38 anos

Por Carlos Rocha Publicado em
Protese de silicone imagem ilustrativa gerada atraves do ideogram
Brasileira de 38 anos morre por câncer raro associado a prótese de silicone

O Brasil registrou o primeiro caso de carcinoma espinocelular relacionado a implantes de silicone nas mamas. A paciente, uma mulher de 38 anos, morreu em 2023 após complicações da doença, que é extremamente rara e soma apenas 16 casos documentados mundialmente.

O caso foi detalhado em estudo publicado na revista Annals of Surgical Oncology, conduzido pelo mastologista Idam de Oliveira Júnior, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e coordenador do Departamento de Mastologia do Hospital de Amor, em Barretos. Segundo Oliveira Júnior, embora o tumor se desenvolva na região da mama, não se trata de câncer de mama. A doença surge nas células da cápsula fibrosa que o corpo forma ao redor do implante, com comportamento distinto dos tumores mamários convencionais.

A paciente havia realizado uma mamoplastia em 2005, com implantes texturizados de 200 ml em ambas as mamas. Em 2023, procurou atendimento com aumento do volume da mama esquerda e dor local. Antes do diagnóstico de câncer, passou por troca do implante e remoção da cápsula fibrosa, quando a biópsia identificou carcinoma espinocelular invasivo.

Encaminhada a um centro oncológico, já apresentava nódulos e lesão extensa, com invasão de músculos e ossos da parede torácica. Apesar da mastectomia, o tumor recidivou e a paciente morreu dez meses após o diagnóstico. Oliveira Júnior alerta que a agressividade do carcinoma está relacionada à própria doença e à deteção tardia, comum nesse tipo de câncer.

“A doença cresce rapidamente, atingindo estruturas locais. O conhecimento médico é essencial para diagnóstico precoce, especialmente em pacientes com seromas recorrentes, massas palpáveis ou aumento do volume da mama”, afirma o especialista.

O oncologista Gilberto Amorim, da Oncologia D’Or, reforça que a ocorrência é extremamente rara. “O alerta é para profissionais de saúde, não para alarmar a população. A maioria das mulheres com implantes não apresenta complicações graves”, diz.

Sinais de alerta incluem aumento unilateral da mama, dor localizada e acúmulo anormal de líquido. O diagnóstico é feito com ultrassom, mamografia e biópsia, quando necessário. O tratamento do carcinoma espinocelular geralmente exige mastectomia ampla, diferente do câncer de mama tradicional.

Outro tipo raro de câncer associado a próteses é o linfoma anaplásico de grandes células (BIA-ALCL), que também surge na cápsula fibrosa. Ele aparece geralmente entre 8 e 13 anos após o implante e pode se manifestar como líquido acumulado ou massa sólida. Quando limitado à cápsula, o tratamento é cirúrgico; em casos avançados, pode incluir quimioterapia ou radioterapia.

Em 2019, a Anvisa suspendeu temporariamente a venda de alguns implantes texturizados da Allergan, após risco aumentado de BIA-ALCL identificado pelo FDA. Até julho daquele ano, 573 casos foram relatados no mundo, sendo 481 ligados à empresa.

Especialistas enfatizam que, apesar da gravidade do caso, implantes de silicone permanecem seguros para a maioria das mulheres, e o principal cuidado é o monitoramento médico regular e atenção a mudanças incomuns nas mamas.



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