Lula critica taxação dos EUA e denuncia ameaça à soberania do Brasil em pronunciamento nacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão na noite desta quinta-feira (17), no qual criticou duramente a decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir do dia 1º de agosto. Lula classificou a medida como uma “chantagem inaceitável” e afirmou que a iniciativa representa uma tentativa de interferência nas instituições brasileiras.
Segundo o presidente, o Brasil manteve o diálogo aberto com o governo norte-americano, promovendo mais de 10 reuniões e apresentando uma proposta formal de negociação em 16 de maio, sem receber resposta concreta. Em vez disso, Lula disse ter sido surpreendido com ameaças e informações falsas vindas do país norte-americano.
“Tentar interferir na Justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional”, declarou o presidente, reforçando que o país respeita o devido processo legal e não aceitará pressões externas.
Durante o pronunciamento, Lula repreendeu políticos brasileiros que, segundo ele, apoiam o ataque internacional contra o Brasil. Sem citar nomes, afirmou que esses parlamentares seriam “traidores da pátria”, que torcem pelo “quanto pior, melhor” e ignoram os impactos negativos da medida sobre a população e a economia nacional.
Lula também abordou a regulamentação das plataformas digitais estrangeiras no país, cobrando que todas sigam as leis brasileiras, sem exceções. Segundo ele, é necessário proteger a sociedade de crimes cometidos pela internet, como golpes, racismo, violência de gênero, ataques à democracia e bullying entre crianças e adolescentes.
Outro ponto destacado foi a defesa do Pix, sistema de pagamentos brasileiro que, segundo o presidente, é um patrimônio nacional. “Não aceitaremos ataques ao Pix. Temos um dos sistemas de pagamento mais modernos do mundo e vamos protegê-lo”, afirmou.
Em relação ao comércio internacional, Lula disse que seu governo abriu 379 novos mercados para produtos brasileiros em pouco mais de dois anos, e que continuará fortalecendo as relações comerciais e diplomáticas com todos os continentes, incluindo União Europeia, Ásia e América Latina.
O presidente ressaltou que, se necessário, o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicar a lei da reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional.
“Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, mas que ninguém se esqueça: o Brasil tem um único dono, o povo brasileiro”, concluiu.
A fala de Lula ocorre em meio ao acirramento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, e marca uma tentativa do governo de mobilizar a opinião pública e setores produtivos para enfrentar os desdobramentos da nova tarifa anunciada por Washington.
