TV Tambaú
Clube FM
Nova Brasil Maceió
º
SAÚDE

ANS estuda mudanças na mamografia; entidades criticam proposta

Ponto mais polêmico da proposta é o aumento da idade recomendada para o exame preventivo, de 40 para 50 anos

Por Redação T5 Publicado em
Mamografia
ANS estuda mudanças na mamografia; entidades criticam proposta (Foto: Kleide Teixeira / Prefeitura de João Pessoa)

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está analisando alterações nas regras para os planos de saúde, incluindo a revisão das recomendações para a realização de mamografias. O ponto mais polêmico da proposta é o aumento da idade recomendada para o exame preventivo, de 40 para 50 anos, além da mudança da periodicidade, que passaria a ser bienal em vez de anual.

A proposta faz parte da Consulta Pública nº 144, um documento de mais de 300 páginas. Com o prazo para contribuições se encerrando na próxima sexta-feira, dia 24 de janeiro, sociedades médicas e entidades de apoio a pacientes têm se mobilizado para criticar o que consideram um retrocesso na prevenção do câncer de mama.

Impacto na prevenção

Segundo a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), 40% dos diagnósticos de câncer de mama no Brasil ocorrem antes dos 50 anos, faixa etária que seria prejudicada com a proposta da ANS. Ainda de acordo com a entidade, 22% das mortes por câncer de mama estão nessa faixa etária.

Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) criticou abertamente a ANS, argumentando que a alteração proposta pode comprometer o diagnóstico precoce e aumentar a mortalidade. Henrique Lima Couto, vice-presidente da entidade, afirma que “o rastreio a partir dos 40 anos, quando realizado anualmente, reduz em até 25% a taxa de mortalidade em 10 anos”.

A visão da ANS e do Inca

A ANS alega que sua proposta está alinhada às recomendações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que orienta a mamografia entre 50 e 69 anos, com periodicidade de dois anos. O Inca justifica a diretriz citando riscos associados à mamografia, como falsos positivos, falsos negativos, exposição à radiação e tratamentos desnecessários para cânceres de progressão lenta.

Apesar disso, o próprio Inca reconhece que a mamografia é fundamental na detecção precoce do câncer de mama. “Os riscos são baixos quando comparados aos benefícios”, reforça o órgão.

O que está em jogo

A mudança proposta incluiria o sistema suplementar no mesmo patamar de rastreamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), reduzindo os custos das operadoras de saúde. No entanto, especialistas alertam que, a longo prazo, os gastos com tratamentos avançados de câncer podem superar a economia feita com a redução de exames preventivos.

Entidades como a Femama ressaltam que o debate deve focar na preservação da vida e não apenas na redução de custos. A federação é favorável à certificação de boas práticas em oncologia, mas reforça que a proposta atual da ANS prejudicará a saúde das mulheres brasileiras.

Consulta pública como oportunidade

A ANS enfatiza que as mudanças ainda não foram implementadas e que a Consulta Pública nº 144 permite que a sociedade contribua com sugestões e críticas. Para participar, basta acessar o portal oficial da agência até o dia 24 de janeiro.

Enquanto isso, sociedades médicas e grupos de pacientes prometem intensificar a mobilização para que a proposta seja reavaliada.

A consulta pública pode ser acessada aqui.



Relacionadas