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Para FHC, Bolsonaro diz que não foi golpe 'porque não estava lá'

Ex-presidente expôs a opinião durante evento organizado por brasileiros nos EUA

Por Redação Publicado em
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro diz que 1964 não foi golpe só porque ele não estava lá, disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em palestra nesta sexta-feira (5) durante a Brazil Conference, evento organizado por alunos das universidades Harvard e MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Boston, nos EUA.

Respondendo a uma pergunta, FHC mencionou o golpe militar de 1964 e emendou: "Agora não se pode mais dizer golpe, porque o presidente atual diz que não foi golpe, ele diz isso porque ele não estava lá". Fernando Henrique foi perseguido e cassado durante o regime militar.

Nos últimos dias, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse em entrevista que os livros didáticos passariam a refletir a visão de que 1964 não foi um golpe militar e, no último dia 31 de março, um vídeo com a mesma versão sobre os acontecimentos foi divulgado em canal oficial do Palácio do Planalto.

FHC participou de painel ao lado de Steven Levitsky, professor de estudos latino-americanos de Harvard e autor do livro "Como as Democracias Morrem", e do cientista político Carlos Pereira, professor da FGV, e moderado por Frances Hagopian, professora de ciência política em Harvard.

Para o ex-presidente, há uma crise de liderança hoje e falta uma mensagem clara dos governos. "É preciso falar, é preciso ter uma mensagem. Hoje há uma crise de liderança, as pessoas não sabem falar." Ele também criticou a criminalização da negociação política necessária no presidencialismo de coalizão.

Segundo Fernando Henrique, um partido que se elege raramente tem mais de 20% dos deputados. "É necessário fazer coalizão, que implica divisão de poder, o que é sempre visto pelo público como algo escuso ", diz.

Isso se acentuou após o mensalão, que transformou a coalização em cooptação, compra de apoios, e a Lava Jato, que, para o tucano, expôs que a corrupção era parte de todo o sistema político.

"Isso tudo desmoralizou o sistema e criminalizou a negociação política, mas sem negociação, não há política; hoje é como se tudo fosse ato de corrupção", afirmou o ex-presidente para um auditório lotado no MIT.

Indagado pela moderadora se a democracia no Brasil estava mais ou menos forte do que há alguns anos, FHC afirmou: "Em geral a democracia se fortaleceu; se há risco? Sempre há risco; os riscos externos diminuíram, não temos mais a Guerra Fria, mas há os riscos internos, esses continuam como as tendências do Congresso de ocupar lugares, e de o Executivo não entender qual é seu papel".
O ex-presidente lembrou que tendência autoritária sempre existe, mas o outro lado tem uma tendência moderadora. "Hoje há muitos militares no poder, mas eles não querem mandar em tudo, como em 1964."

Via Folhapress

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