TH+ SBT TAMBAÚ
Novabrasil FM
º

Josival Pereira

Josival Pereira

Começa a fase subterrânea da pré-campanha política na Paraíba

Por Josival Pereira Publicado em
Politica
Fase que está se inaugurando agora talvez seja uma das mais complexas (Foto: Imagem gerada por IA)

Observando-se o movimento dos mais diversos atores políticos na micro conjuntura da politica estadual parece pertinente se concluir que está se fechando uma fase e se inaugurando outra nos antecipados projetos de disputa pelo controle do poder no Estado.

A primeira fase, iniciada um pouco já em 2024 mas acentuada nos primeiros 7 ou 8 meses de 2025, pode ser definida como a do desenvolvimento de esforços pessoais ou de pequenos grupos para firmar candidaturas a governador e a senador, os cargos majoritários nos quais geralmente sentam os líderes comandantes.

Nos fluxos e repuxos da onda política, muitos se lançaram, porém, apenas 3 nomes estão resistindo como pré-candidatos ao Governo - Lucas Ribeiro (PP), Cícero Lucena (sem partido) e Efraim Filho (União)- e 4 ao Senado - João Azevedo (PSB), Nabor Wanderley (Republicanos), Veneziano Vital do Rego (MDB) e Marcelo Queiroga (PL).

O deputado Adriano Galdino ainda está dispondo seu nome para uma candidatura, mas, dificilmente, encontrará suporte partidário para mantê-la. No caso de senadores, ainda há várias vagas em aberto, já que alguns partidos apresentam apenas um candidato e a eleição será para duas vagas.

A fase que está se inaugurando agora talvez seja uma das mais complexas. É a da definição e acomodação dos partidos ou grupos políticos coadjuvantes, embora alguns deles sejam essenciais na disputa. É o período da pré-campanha, que deverá se estender até o início de abril de 2026, no qual praticamente toda a movimentação ocorre em conversas e negociações de bastidores, muitas subalternas, algumas delas inconfessáveis, várias surpreendentes, outras inacreditáveis.

Disputas paralelas

A questão é que existem disputas paralelas capazes de impactar a formação das alianças e coligações na Paraíba, além do próprio resultado eleitoral. Algumas delas são o enfrentamento pelo controle de Federação União Progressista (UP) entre o deputado Aguinaldo Ribeiro e o senador Efraim Morais; a formação da coligação formal para a chapa majoritária com a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV); o destino do deputado Adriano Galdino; o troca troca partidário já nos próximos meses e, especialmente, na janela da fidelidade, em março, sobretudo, de candidatos a deputado federal, e a definição política do Grupo Cunha Lima, entre outras.

Pedro federal

De todas essas pelejas, a definição política do grupo Cunha Lima talvez seja a que vai produzir mais interesse e se fará mais significativa nos próximos meses ou próximas semanas.

Aliás, essa é a disputa mais quente que já se desenrola nos bastidores. Com uma novidade: a articulação do grupo Cunha Lima mudou de foco e agora estaria reivindicando garantia de espaço para a eleição de Pedro Cunha Lima a deputado federal.

Há sinais externos dessa mudança. Na reaproximação com o prefeito Cícero Lucena, há pouco mais de um mês, a notícia imediata era da indicação de Pedro como candidato a vice-governador. Duas semanas depois, o nome do deputado Romero Rodrigues passou a ser especulado como o candidato a vice-governador. Qual a razão da mudança? Pedro não teria aceito ser o vice e aí entram as negociações para Romero aceitar a incumbência e deixar a vaga na Câmara Federal para Pedro. O problema é que as negociações não conseguem se fechar. Por motivos óbvios: Romero não se define assim.

Efraim na cola

Em contraponto, o senador Efraim Morais entrou em cena e, em apenas uma semana, se reuniu duas vezes com o ex-senador Cássio Cunha Lima, com o prefeito Bruno Cunha Lima e ainda apareceu em público Pedro Cunha Lima. Defende a manutenção da aliança entre os dois grupos, que vem desde 2002, e o resultado da parceria desde o pleito de 2022 até agora.

Um obstáculo é que o senador Efraim Filho não dispõe de muita margem de manobra para garantir a eleição de Pedro para deputado federal, a não ser retirando a candidatura do irmão George Morais, que cumpre missão estratégica para 2030. Todavia, por outros motivos, Efraim tem revelado confiança na aliança com o núcleo Cunha Lima.

Será possível?

Agora, pasmém! Há também informações nos bastidores sobre uma suposta abertura de negociações entre padrinhos da candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro e interlocutores junto ao grupo Cunha Lima para possível acordo político. Haveria um deputado federal disposto a ceder bases eleitorais para Pedro desde que seja indicado candidato a vice-governador na chapa de Lucas. A tese de uma grande unidade para Campina Grande voltar a ter um governador seria o argumento do acordo. Parece difícil, mas, na Paraíba, virou comum se ver que nada é impossível na política.

Mistérios

Em verdade, não será exagero se afirmar que nessa fase subterrânea da pré-campanha cabe tudo e vale tudo. Para se ter a noção do que já estaria ocorrendo e o que pode ocorrer, somente recorrendo a Shakespeare, e a famosa frase de Hamlet: “Há mais coisa entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”.

Com perdão para a ousadia, vale paródia: “Há mais mistérios políticos entre Brasília, João Pessoa e Campina Grande do que pode alcançar nossa parca sabedoria”.


Relacionadas
Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.