Há brechas para a candidatura de Adriano Galdino no campo do PT
Não se trata apenas de mera especulação. Se o deputado Adriano Galdino se dispuser a ser candidato a governador pelo PT ou outro partido do campo lulista, será.
É que está se consolidando no PT e mesmo junto ao presidente Lula a convicção de quase improbabilidade de formação de uma aliança mais ampla com setores de centro-direita e da direita para a disputa presidencial em 2026.
A esmagadora derrota imposta pelo Congresso ao governo no caso IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) está sendo tomada não apenas como boicote à gestão petista, mas também como a evidência cabal de que a direita nacional tende a se unir em torno de seus próprios candidatos. Assim, a tese da frente ampla, 'frente amplismo', esmaeceu em praticamente todos os setores do PT e da esquerda.
A ideia agora é que o presidente Lula parta imediatamente para a mobilização popular, radicalizando o discurso em torno de pautas que possam mexer com o sentimento e as emoções de trabalhadores e dos setores mais pobres da população. Já haveria, inclusive, orientações do próprio presidente Lula para início de um processo de enfrentamento do centrão no Congresso.
Nesse contexto, avoluma-se nos núcleos pensantes petistas a avaliação que representa grave risco a aposta em candidatos locais (Estados) de partidos ligados ao bolsonarismo ainda que com a promessa de apoio a Lula. A ideia crescente é também de construção de palanques próprios ou de centro-esquerda. Vai-se continuar buscando dividir a direita e não se descarta alianças neste campo ideológico, porém, melhor ter dois palanques do que ficar sem nenhum. É a ideia do agora.
Pois é exatamente nesse terreno de dúvida e incerteza em relação ao cenário de alianças para 2026 que se tem adubado possibilidades alternativas para a disputa eleitoral na Paraíba. Nos bastidores, as informações apontam que o ex-governador Ricardo Coutinho teria sido o primeiro a perceber a possibilidade de construir o palanque petista no Estado em torno do nome do deputado Adriano Galdino, que também teria se encantado com a ideia, que viria crescendo com as dificuldades que o parlamentar vem encontrando de acomodar seus projetos de candidatura no Republicanos e na aliança com PSB e Progressistas.
Revelações em entrevistas e notas na imprensa, além do disse-me-disse de bastidores, indicam que o deputado Adriano Galdino tem diante de si, de um lado, um beco estreito no Republicanos, e, do outro, um assédio estimulante de setores do PT, o que se fantasia em larga avenida para o voluntarioso e vaidoso presidente de Assembleia.
O quadro não é de decisão. É de encantamento. De análises e avaliações.
Não dá, porém, para fugir da avaliação que a perspectiva mais concreta é a de que uma candidatura por uma aliança de esquerda na Paraíba, ainda que com o apoio declarado de Lula, se constitua em pura aventura. Basta ver o que aconteceu em 2022, com a candidatura do senador Veneziano Vital do Rego, que acabou em quarto lugar nas urnas. O fracasso se repetiu igualmente com a candidatura do deputado Luciano Cartaxo a prefeito de João Pessoa em 2024.
Além disso, é preciso considerar que a relação do governador João Azevedo com o presidente Lula no momento é muito diferente do que ocorria em 2022. O presidente e o PT acumularam dívidas para com João e parece que há reconhecimento dessa situação, segundo revelações da deputada Cida Ramos após reuniões com dirigentes nacionais petistas em Brasília na última semana.
Contudo, noutra direção, não se pode desprezar a trajetória vitoriosa do deputado Adriano, sua crença de que conquista tudo que almeja e seu denotada teimosia.
Diante de tudo, possibilidades e dúvidas, a verdade é que existe um novo cenário se pintando paras as eleições de 2026 na Paraíba. Registre-se que parece existir determinação do deputado Adriano Galdino no sentido de abrir espaços para uma candidatura majoritária, seja no seu próprio esquema político ou em esquema alternativo, e que há brechas no PT e na esquerda para uma candidatura própria a governador.
A movimentação é muito insipiente, mas não se deve desprezar nada na política estadual e nacional.



