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Coluna - Josival Pereira

Como ocupar e movimentar o centro histórico agora, já; leia análise

O centro histórico de João Pessoa deverá ganhar um amplo projeto de restauração e ocupação em breve

Por Josival Pereira Publicado em
Como ocupar e movimentar o centro histórico agora, já 
Como ocupar e movimentar o centro histórico agora, já  (Foto: Walfredo Galdêncio/ RTC)

O centro histórico de João Pessoa deverá ganhar um amplo projeto de restauração e ocupação em breve. Deverá ter a assinatura do governo do Estado, em parceria com a prefeitura. O governador João Azevedo (PSB) decidiu abraçar essa antiga causa após mais um momento de muitas reclamações e apelos de empresários e comerciantes de área, artistas e lideranças de uma maneira geral. O último movimento ocorreu na semana passada, com audiência pública na Câmara Municipal para discutir o problema.

O governo já tem uma oportuna intervenção em andamento. É o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, onde funcionava o Colégio Nossa Senhora das Neves. Com certeza, dará não apenas ocupação como nova funcionalidade a uma banda do centro histórico.

Outra interessante intervenção é a transformação do Palácio da Redenção em museu. Em consequência, o governo vai se mudar para o antigo Comando da Polícia Militar, na praça Pedro Américo, que será transformado no Palácio dos Despachos. Perceba-se que também nesses dois casos há mudança de funções de dois prédios históricos, gerando a perspectiva de mais atividade e mais ocupação, além da necessidade de cuidados de segurança.

Noutro trecho, lá embaixo, é a prefeitura quem executa intervenções significativas. O prédio onde era a Proserv já foi demolido para a construção de apartamentos que vão permitir a desocupação de uma área de mangue para construção do Parque Sanhauá, planejado na gestão passada, mas que deverá ganhar vida na gestão atual.

O prefeito Cícero Lucena (PP) também já anunciou o corredor turístico da Duque de Caxias, interligando a Praça dos Poderes ao largo da Igreja São Francisco, e o projeto de transformação das ruínas das Indústrias Matarazo numa fábrica de cinema, que deverá ganhar a parceria do governo do Estado, ocupando o lado sul do centro histórico.

Novamente, em todas as intervenções previstas o traço comum é o da destinação de novas funcionalidades a equipamentos abandonados ou potencialmente subutilizados.

Há ainda, agora, a perspectiva concreta de implantação do parque ambiental do Róger, onde era o antigo lixão da cidade, obra do projeto João Pessoa Sustentável, financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que, com certeza, dará nova feição à grande área onde João Pessoa nasceu, acrescentando amplo espaço verde ao lado do centro histórico.

Todas as intervenções mencionadas já estão iniciadas ou têm elevado grau de concretização em curto ou médio prazo, o que produz respeitável perspectiva de ocupação e mudanças no centro histórico. Mas, pelo que se sabe, o projeto a ser apresentado pelo governo do Estado deverá ser bem mais amplo e robusto.

Restam, no entanto, importantes questões a serem enfrentadas.

Nos debates sobre o centro histórico, os comerciantes, grandes ou pequenos, sempre alimentam o desejo de assistirem novamente as ruas repletas de pessoas e seus estabelecimentos lotados de clientes. Será possível isso?

Talvez não mais. Pelo menos do jeito que era antes. Cada bairro hoje tem seu próprio comércio, como resultado de uma interessante dinâmica urbana da Capital de gerar serviços e empregos mais próximo de onde as pessoas estão residindo. Mas a projeto comercial e de serviços do centro histórico não está morto. Precisa ganhar nova marca, novos atrativos, novas funções. Essa discussão precisa ser feita pelos entidades, empresários e comerciantes da área urgentemente.

O poder público também precisa apresentar um amplo e eficiente plano de segurança e enfrentar a cracolândia nascente. Urgente, antes que se consolide.

Todavia, tudo isso ainda não é suficiente para dar vida ao velho centro histórico. Fala-se em moradias na área, porém, além de se tratar de um processo complexo, é demorado.

O centro histórico precisa urgente do movimento de pessoas, novas pessoas, centenas, milhares. E isso é possível de maneira fácil e barata.

O poder público, no caso a Prefeitura (pode ser em parceria com o governo do Estado e a iniciativa privada) precisa transformar o grande centro histórico em centro de eventos.

Uma rua pode virar food parque; outra pode abrigar feira de orgânicos à noite; uma terceira pode ser destinada à desfiles e serviços Pet; nos finais de semana, uma rua pode  ser transformada em área esportiva com campeonatos de xadrez, dama, gamão, altinha, etc; cabe ainda a rua da atividade aeróbica ou algo parecido.

A prefeitura pode ainda regatar espaços de boemia, como a rua Maciel Pinheiro. No Rio de Janeiro, a gestão municipal está transformando a Carioca na rua da cerveja, com fábricas artesanais e bares.

Com criatividade e disposição, é possível sim movimentar a dar nova funcionalidade ao centro histórico agora, já, sem esperar por obras físicas mais demoradas.

O desafio está posto.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.