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COLUNA JOSIVAL PEREIRA

Forças do petismo e bolsonarismo: até quando essa polarização vai perdurar?

Levantamento do Datafolha diz que 29% dos brasileiros se dizem petistas; 25% se assumem bolsonaristas

Por Josival Pereira Publicado em
Pelo levantamento, 29% dos brasileiros se dizem petistas e 25% se assumem bolsonaristas
Pelo levantamento, 29% dos brasileiros se dizem petistas e 25% se assumem bolsonaristas (Foto: Reprodução / TV Globo)

Pesquisa Datafolha, divulgada nesta última quarta-feira, sobre a preferência e simpatia dos brasileiros em relação a partidos políticos levou à imediata conclusão da maioria dos analistas não apenas sobre a manutenção da polarização política entre o petismo e o bolsonarismo, mas também à perspectiva de que esse quadro vai perdurar nos próximos anos e pleitos eleitorais.

Pelo levantamento, 29% dos brasileiros se dizem petistas e 25% se assumem bolsonaristas. Outros 21% não são nenhum nem o outro lado e 2% não quiseram opinar sobre a questão.

À primeira vista, a avaliação de que a perspectiva da política brasileira é a de persistência da polarização vivenciada nas eleições de 2018 e 2022 está abalizada, sobretudo, por que outros 11% dos eleitores manifestam simpatia pelo PT e 7% se inclinam para o bolsonarismo. Assim, os petistas são 40% entre adeptos e simpatizantes e os bolsonaristas chagariam a 32%.

Trata-se de um quadro que, praticamente, não permite brecha para o surgimento de uma outra força política. As duas últimas eleições seriam prova dessa suposta impermeabilidade.

Para agravar essa dicotomia política, os dois principais líderes das duas forças política – o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro – alimentam permanentemente a disputa.

Ambos agem de caso pensado. Lula sabe que, mantendo a polarização com Bolsonaro, dificilmente haverá possibilidade de surgir outra liderança na direita, com a vantagem de que o ex-presidente está inelegível. Retardar a escolha do candidato em substituição a Bolsonaro é, pois, tática política. Por sua vez, o surgimento e a consolidação da liderança nacional de Bolsonaro deve-se quase que exclusivamente à escolha do PT como alvo de seus ataques.

Parece, então, uma situação sem jeito: o Brasil estaria irremediavelmente condenado à polarização entre lulistas e bolsonaristas, petistas e conservadores radicais.

Talvez, porém, o quadro não seja tão grave assim. As pesquisas podem não captar claramente, mas atual polarização política no Brasil já está cansando. O próprio levantamento do Datafolha revela que existe espaço para o surgimento de outra força política com condições de quebrar a polarização. Esses 21% que não se alinham à esquerda nem à direita formam o espectro do centro político, que não é pequeno. Pode se consolidar e roer adeptos dos dois lados.

O problema tem sido sempre a forma como os possíveis líderes do centro ou da direita democrática se apresentam.  Deixam para chegar bem próximo às eleições e sem um projeto de desenvolvimento e de governo para apresentar ao Brasil. Pior: se deixam batizar de terceira via e sem perspectiva de poder.

A polarização na história recente do Brasil é fruto da pobreza do debate político na ditadura e no período pós regime militar, que impediu o surgimento de novas lideranças em todos os campos do espectro político. Lula comanda a esquerda há cerca de 40 anos e a direita só veio ter sua liderança popular mais expressiva – ex-presidente Bolsonaro – nos últimos anos, um deputado de atuação medíocre que se impôs na ausência de nomes com substância política.

A luz no túnel da direita talvez surgindo exatamente do desdobramento do processo democrático. As muitas eleições regionais começa a forjar lideranças com alguma perspectiva nacional. São os casos, por exemplo, dos governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Ratinho Júnior (Paraná), que começam a aparecer cogitados como candidatos à Presidência da República nas próximas eleições. São nomes para se prestar atenção, na perspectiva de quebra da polarização atual, mais do que qualquer liderança diretamente ligado ao bolsonarismo.

Pode parecer difícil, mas, muito provavelmente, os novos líderes da direita não terão o perfil de outsider e de salvadores da pátria e serão menos radicais. A vez pode ser de líderes forjados no movimento político, experientes e mais qualificados.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.