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Coluna - Josival Pereira

Por que o governador passou a defender tanto a chapa Cícero e Leo para 2024?

Josival Pereira analisa o tom usado por João Azevêdo e como ele evita atritos na aliança com o Progressistas.

Por Josival Pereira Publicado em
João Azevêdo e Cícero Lucena durante evento.
João Azevêdo e Cícero Lucena durante evento. (Foto: PMJP/Arquivo)

Por que o governador João Azevedo (PSB) foi tão taxativo, nesta segunda-feira (15), em definir a chapa que deseja apoiar em João Pessoa nas eleições de 2024? A chapa seria a mesma de 2020: Cícero (PP) e Leo Bezerra (PSB).

Não existe surpresa no fato de o governador defender a manutenção da aliança com Cícero. Ele tem feito isso outras vezes. Também tem sustentado apoio ao nome de Leo. As novidades foram o tom – bem mais taxativo - a antecedência de definição e o momento das declarações.

O governador João Azevedo se constituiu numa liderança política ortodoxa. Não faz jogo duvidoso. Gosta de passar confiança, pois prefere relações sustentáveis. Não se aventura em especulações, cogitações de atração de adversários em detrimento de aliados ou movimentos bruscos apenas com o intuito de tentar desnortear o cenário. Nessa perspectiva, nada mais natural do que a reafirmação do apoio a Cícero.

O problema é que o esquema político do governador cresceu e não existe mais aquele consenso quase inquestionável de como as articulações políticas para a disputa da Prefeitura de João Pessoa devem ser conduzidas. Existem grupos ao lado do governador que conservam largas divergências ideológicas e programáticas em relação a Cícero, outros que têm dúvida sobre a viabilidade eleitoral do prefeito diante do cenário desenhado nas eleições governamentais e grupos que pleiteiam ascensão interna.

Dirigentes do PT que até defendem a possibilidade de aliança com o prefeito Cícero Lucena, por exemplo, reprovam o projeto de alargamento de trechos de praias. Outras legendas de esquerda, a exemplo do PV, PCdoB e Rede, cultivam a mesma opinião.

No campo da política, alguns aliados do governador avaliam que o resultado das eleições de 2022 sugere um processo de renovação de nomes, o que poderia ocorrer com quadros mais diretamente ligados ao PSB, a exemplo do próprio vice-prefeito Leo Bezerra ou do secretário Tibério Limeira.

A taxatividade do governador João Azevedo em sua fala nesta segunda-feira parece, então, ter a função precípua de não permitir que se instale qualquer dúvida ou princípio de movimento de dissidência dentro de seu esquema político. Ao enfatizar a repetição do nome de Leo Bezerra na chapa, o governador sinaliza para o PSB e busca evitar tentações internas. Ao ser categórico em sua fala sobre as eleições na capital, também tenta evitar atritos em sua aliança estadual com o Progressista. E, no geral, João Azevedo passa o eloquente recado de que o chefe é ele.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.