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Coluna - Josival Pereira

Por que as esquerdas estão ganhando quase todas as eleições na América do Sul

Por Josival Pereira Publicado em
Person pointing to south america on the map
(Foto: Freepik)

Com a vitória de Lula nas eleições para presidente do Brasil, o ano de 2022 fecha com três grandes vitórias da esquerda na América do Sul. Além do Brasil, Colômbia e Honduras.

Desde 2018, quando a direita chegou ao poder no Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro, a América Latina foi se inclinando para a esquerda. Antes, em 2017, o México já havia eleito um presidente de esquerda, mas, ao contrário da escolha brasileira, Peru, Argentina, Bolívia e Chile, entre outros países de menor porte, escolheram mandatários da esquerda, centro-esquerda ou progressista.

Além do Brasil, nos últimos cinco anos, a direita venceu eleições apenas no Paraguai, Uruguai e Equador.

Haveria, com o resultado das eleições brasileiras, uma nova onda de esquerda na América do Sul como aquela instalada no início dos anos 2002?

Os especialistas acreditam que não, e veem muitas diferenças entre os governos do início do século e os mais recentes, com destaque para a eleição de Gabriel Boric, no Chile, um nome novo e totalmente desvinculado das lideranças de esquerda do passado.

A pergunta que se impõe é: por que as esquerdas estão dominando governos da América do Sul?

A inclinação dos estudiosos tem sido atribuir o crescimento das esquerdas a uma onda de oposição. A direita retomou o poder, não deu certo e as esquerdas teriam voltado com força, mas muita mais impulsionada pelo pragmatismo do que pela ideologia.

“Não que os latinos estejam se tornando mais esquerdistas. É uma tendência de rejeição..., das pessoas buscando alternativas”, diz o pesquisador Michel Shifer, da Inter-American Dialogue.

Observa-se ainda, para se questionar a suposta onda de esquerda, que os resultados eleitorais têm sido muito apertados: Castillo ganhou no Perú com 50,12%, Petro venceu na Colômbia com 51,6% e Lula, com 560,90%. Mesmo no Chile, onde Boric venceu as eleições com mais de 10 pontos de diferença, o candidato da direita passou para o segundo turno em primeiro lugar.

Não dá para desconhecer que, efetivamente, eleições têm revelado polarizações profundas entre esquerda e direita em países da América do Sul, assim como em outras partes do mundo, e que a ascensão de agora de forças progressistas na região é realmente diferente do movimento dos 2000. Admita-se, inclusive, que a população esteja buscando alternativas de governos. Mas por que, então, as propostas alternativas que surgem, tipo terceira via, não conseguem se impor em nenhum país? Por que, afinal, as esquerdas estão vencendo?

Os analistas talvez devessem buscar respostas mais simples. Existe uma memória aliando os governos de esquerda na região aos programas de combate à fome, de instituições de direitos sociais e de mais respeito aos direitos humanos e aos pobres. Em contrapartida, os governos de direita na região estão mais associados à falta de empatia para com os mais pobres, desemprego e certa repulsa aos direitos humanos. No caso do Brasil, a situação é até mais grave porque o presidente, além das eternas polêmicas, acabou associado a posturas racistas, sexistas e homofóbicas.

A sutileza das decisões em eleições polarizadas na América do Sul, como a do Brasil, em favor das esquerdas talvez tenha muito haver com a forma como os campos ideológicos, quando nos governos, enxergam, respeitam e tratam os seres humanos. Simples assim.

Imagem de Freepik

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.