A briga generalizada de integrantes do PL (Partido Liberal) durante evento em Soledade, envolvendo um deputado federal (Welington Roberto), dois candidatos a deputado federal (Cabo Gilberto e o policial Caio) e o candidato a senador (Bruno Roberto, além de candidatos do PRTB, revela, em primeiro lugar, o estado de fúria demonstrado por esse agrupamento político considerado conservador e que se alinha ao presidente Jair Bolsonaro. Um perigo na campanha.

O agrupamento se nega a ser reconhecido como extrema direita ou direita radical, mas um fio ligando discursos e ocorrências de descontrole emocional vão conformando as características de ferocidade que analistas e opositores atribuem às correntes políticas no controle do poder do país.

As ocorrências de Soledade, entretanto, não podem ser explicadas apenas pelas manifestações de raiva de segmentos da direita radical espalhadas em todo o Brasil.

Observe-se que a braveza não foi vociferada contra inimigos políticos, contra comunistas, esquerdistas ou algum canalha, como costumam definir os adversários. A briga se deu entre eles próprios e não foi marcada apenas por troca de acusações. Houve disposição de vias de fato e ameaça de saque de arma.

O BO (usando aqui o internetês) pode até ser explicado como decorrência da disputa interna no PL pelos recursos do fundão eleitoral, conforme o noticiário dos últimos dias. O deputado Cabo Gilberto não se conteve com o não recebimento da verba e responsabilizou o deputado Wellington Roberto, presidente do PL, pelo fato. A partir daí, então, se formaram duas correntes em porfia entre os bolsonasistas da Paraíba.

A gravidade dos conflitos internos chegou a Brasília e o próprio presidente Jair Bolsonaro fez um apelo, através de vídeo, em favor da unidade de seus aliados no Estado. Não deu certo e a confusão de Soledade parece ser o ápice do entrevero.

Mas ainda não é somente isso. Brigas internas em reta final de campanha quase sempre sinalizam o desânimo no resultado das urnas. A altercação de Soledade revela um pouco mais do bolsonarismo na Paraíba. Parece a revelação de que os candidatos do agrupamento se aperceberam de que, pelo menos por aqui, o mais importante é a candidatura de cada um e não mais o coletivo. O fundão eleitoral é o pivô da discórdia (se a farinha pouca, meu pirão primeiro). Porém, a verdade final parece ser que, no PL, cada um está cuidando de si e que Bolsonaro foi abandonado à própria sorte pelos aliados na Paraíba.